quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O SOBREVIVENTE


Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de 
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Caros nós mesmos,

 As imagens divulgadas pela imprensa brasileira hoje chocaram. Uma criança de 2 anos fumando maconha! Isso chegou a um ponto inaceitável, e venho, por meio deste post, falar sobre uma situação que já se tornou insuportável e inaceitável. Não pretendo generalizar, apenas criticar aqueles a quem serve a carapuça.
   É isso, apenas isso que a "rebeldia" daqueles que se dizem o "futuro" do Brasil traz. Dar dinheiro a criminosos e fomentar não apenas estas barbáries, mas também fuzis, granadas, munição e mais drogas para vender ainda mais. É isso que o brasileiro sabe fazer, lutar por aquilo que ele, e apenas ele (ou um pequeno grupo), acredita, sem pensar na sociedade como um corpo passível das consequências desses atos. Sempre foi assim. É assim que se "luta" contra a "opressão", não é? Só vejo hipocrisia nos discursos sobre "mobilização", "luta", "cidadania" e um monte de baboseira ditas por pessoas que em alguns casos não acham que válido lutar por uma mobilização contra drogas, para cortar o financiamento do tráfico, e assim fazer a sua parte na luta contra este. Ninguém liga, certo? Talvez poque não seja conveniente. Por isso que vivemos desta forma, um país onde governa-se para uns poucos, e o povo, com um pouco de "circo" bate palmas e diz: " Tá tudo bem!". É porque procuramos nosso próprio interesse. O brasileiro, além de "mulher de malandro", é egoísta.
   É a favor das drogas? Então porque, em nome da legalidade que tanto é exigida dos órgãos governamentais (que precisam muito dela também) não se age por meios lícitos, por caminhos legais uma tentativa de legalização, já que esse "protesto", que não me parece nada além de adolescente, ridículo e criminoso, só tem trazido morte? Ah, já sei, não se é capaz de fazer a sua parte de cidadão nem na hora de jogar a guimba de cigarro fora não é?  São jogadas nos telhados da faculdade! Na verdade, esse é o lugar que mais me cheira a toda essa porcaria: Falamos tanto de mudança, blá, blá, mobilização, blá, cidadania, blá, e tudo isso que já citei. Então por que, pessoal? Por que? O que mais vejo por lá são esses brasileiros que levantam bandeiras, reunidos em suas rodinhas e fumando seus baseados, rindo de se acabar, como se aquilo não tivesse a mínima consequência, como se não incomodassem, como se aquilo fosse certo e aceitável. Se parece aceitável, só o é porque criamos essa situação ridícula, onde por um lado exigimos paz, probidade, liberdade e incontáveis exigências, e por outro, não ligamos em vandalizar o público, em nos drogarmos,  em atrapalhar o próximo.
   Sei que o crime tem outras fontes, que as estrutura do tráfico é muito maior que o consumo local, que muitos poderosos se beneficiam com isso, que a pobreza é, em grande parte a criadora da criminalidade, e que sem ela o crime seria abafado. Sei que os problemas sociais vividos pelo Brasil fomentaran essa situação também. Sei disso tudo, mas isso justifica? Creio que não. Sei que muitos responderão sobre influencia da mídia. Que os poderosos tentam atribuir a criminalidade ao consumo e que sou um "qualquer com discurso contrário a pobreza intocável (e por que não instrumento)" dos que desejam mudar o país. Acreditem, é bem diferente disso, e os que por ventura possam me conhecer bem sabem que é verdade.
  É por isso, que qualquer esperança sobre esse país que tanto amo estão cada vez mais longe de parecerem possíveis. Nossa geração não criou ícones, heróis, gênios. Ela apenas aceitou um poder sem pudor, criou tendências fúteis que nada dizem, comprou, gastou e matou, e a única coisa que consideramos "legal" é o errado, o ilegal. Esse é o nosso Brasil, nosso povo, nossa juventude...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E agora, José?





A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?




É José... E agora? Eesperança, por mais que a dúvida se repita, sabemos que não persistirá a incerteza.




quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vende-se uma cara de pau, um sorriso de lata


Bom, tenho pensado na última semana em algo bem interessante, inteligente ou amplo pra marcar meu primeiro post em algo onde sou marinheiro de primeira viagem: blogs.
Mas não posso me conter. Preciso citar uma abservação de algo bizarro que talvez nos passe despercebido, e que talvez caiba aqui, já que pretendo falar de coisas que não vejo muitas pessoas falando sobre. E, pelo momento que vivemos no país, não poderia deixar de falar: Eleições 2010. E todos esses outdoors, panfletos, santinhos ou horário político na TV mais parecem uma campanha de grandes grifes, ou melhor, próteses dentárias ou planos odontológicos. Sorrisos pra lá, sorrisos pra cá (que depois de eleitos os candidatos, misteriosamente esses sorrisos sumirão e serão substituídos por carrancas velhas feitas para dar justificativas quaisquer para problemas, como se fosse pesarosamente inevitável aquela decisão). Montagens muito mal feitas de políticos “aliados” simbolizando um falso esforço em conjunto, ou a felicidade em “trabalhar” para nós.
Estou em casa, fazendo qualquer coisa, eis que me deparo com o som vindo de um carro propagandista que entoa qualquer funk ou música do “povão” que fala qualquer coisa sobre lutas pelo povo de tal lugar, que vai fazer ainda mais e qualquer coisa assim. Surge-me então a pergunta: Onde estava essa luta toda, esse sacrifício pelo bairro cidade ou sei lá o que? Fico imaginando ele abandonando o churrasco de domingo porque infelizmente tem que ajudar em um trabalho voluntário em um canto qualquer do lugar que ele tanto ama, e brigando com a esposa já que não poderá assar aquela picanha com uma boa cerveja! Pelo amor de Deus! O que será que se pretende: Que pensemos: “Nossa, que sorriso lindo, é meu candidato!”, “Que música legal, será um bom deputado!” ou “Pô, na musiquinha ele diz que teve uma vida de dedicação à região, deve ser boa gente.”. O pior é que não só é isso que se pretende como é isso que acontece.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Breve

A viajantes a deriva na internet que possam ter parado aqui (o que acho muito difícil), breve postagens, pois elas demandam de uma criatividade previamente gerada.